Vida desarrumada
Eu que tenho a vida desarrumada
a cama por fazer
tenho tão pouco por dizer,
quase nada
Entre devaneios de coisas de nada
o pó por limpar
entre passos para
lá e para cá
a roupa por lavar
entre monotonias de hoje e de ontem
a loiça por lavar
entre o fazer e o desfazer
o livro por ler
Tenho só as palavras que
escrevo
e não dão corpo ao que penso
tenho só esta maneira de fazer poesia
quase a falar
um dia, tenho que arrumar a casa!