PALAVRA RASA - Preciso de Ti

quinta-feira, janeiro 25, 2007
Nuvem

Quanta vez em horas como esta
quando tudo quero esquecer
vejo passar uma nuvem e nesta
quero partir sem mais perder

Naquela forma esculpida
de algodão branco como neve
já me sentia de partida
nesse deslizar tão leve

Queria aquela liberdade
que falta na minha alma
tenho uma vida de ansiedade
onde o torpor é calma

Mas já que nuvem não posso ser
cresce num deslizar em mim
o desejo de liberdade ter
para na ansiedade pôr fim!





segunda-feira, junho 26, 2006
Sonho árvore

Quis enterrar o meu sonho
num buraco bem fundo
para não viver em ilusões
cobri-o com camadas de dias
em grãos de tempo

O sonho que não se queria enterrado
agarrou-se à terra-mãe
e no seu colo bebeu
quanto leite ela lhe deu
espalhou raízes para a vida
tratou de ganhar corpo
para alcançar a liberdade

Um dia, despontou para a vida clara
e atraído pela luz do sol
vingou o seu crescimento
até se tornar na árvore
mais frondosa e vistosa
que um sonho possa dar.




sexta-feira, junho 02, 2006
Azul


Azul do céu e mar reunidos
tanto azul onde o olhar devaneia
camadas de azul em que
a verdadeira cor se perde
numa fuga perpétua

Das profundezas marinhas
ao infinito celestial
qual deles o mais vazio de azul
na sua essência de transparência

Procuro a linha do horizonte
suponho-a azul, onde o olhar não a define
algures, onde as vossas substâncias passentas
o azul desmaterializou.


sexta-feira, maio 19, 2006
D'abalada

Virei, num rasgo, a fé do avesso
numa luta inglória, à partida
que a vida merece um recomeço
em que a alma lhe seja valida

À cruz atirei de arremesso
as sobras da jornada vencida
rompi com gritos o ar espesso
que devolve a voz enfraquecida

Foi nesse momento que padeci
na verdade, no absoluto, em ti
esmolei, por aí, quase nada

Como fantasma do próprio ser
como chama de vela a derreter
perdi minha fé, foi d'abalada!



segunda-feira, abril 24, 2006
Lisboa florida



Floriste Lisboa de madrugada
travando gestos de vingança
de mão em mão passada
alardeaste sinal de mudança

Despontaste em arma silenciada
incutindo na confusão segurança
foste a flor mais celebrada
devolveste ao povo a esperança

De pregar a pátria em vitória
de cantar liberdade com paixão
de fazer da tortura memória

Cravo posto sobre o coração
és a flor da nossa história
és o cravo da revolução!



terça-feira, abril 18, 2006
Tudo era possível


Quis vingar a minha dor
com prazo marcado e tudo
fiz promessas ao tempo
de lágrima tombada

Mas o tempo empurra tempo diante de si
inútil insistir com a memória...

Mas espero ter vingado a minha dor
porque hoje sei que naquela altura
tudo era possível

Quando o dia era maior que as franjas do sol
e o baloiço ganhava ao compasso do relógio
tanto me folgava a vida,
à volta da brincadeira, esquecida
nesse tempo, tudo era possível!



Palavra Rasa - Blogue



Palavra Rasa

Palavras que se  soltam
no tempo da memória
estagnação do pensamento
que sobrevoa o imaginário

Sonhos vividos, estagnados
nas simples palavras rasas
que o tempo entoa
devagar, mas que atordoam

Palavras rasas sentidas e genuínas
habitadas sempre no teu interior
proferidas por ti com fulgor, mas...
Preciso delas, apenas com amor!....




Palavras Rasa



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